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O Domínio do software estatístico SPSS nas Faculdades

Escrito por Erick Faria · 13 min. >
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Neste post, exploramos a predominância do software estatístico SPSS no ensino superior, questionando por que, apesar da disponibilidade de alternativas gratuitas e igualmente eficazes como o Jamovi, ainda há uma forte dependência deste software estatístico pago. Discutimos a resistência dos professores à mudança e sua preferência pelo familiar, bem como o impacto dessa escolha na formação dos estudantes. Refletimos sobre a necessidade de repensar as ferramentas de ensino e abrir espaço para novas tecnologias. Ao final, concluímos que é hora de a academia aceitar a mudança, adotar novas ferramentas e preparar melhor os alunos para o futuro da análise de dados.

Ao longo da minha jornada acadêmica, algo sempre me intrigou: por que as universidades insistem em adotar programas estatísticos proprietários como o SPSS? A cada laboratório que entrei, a cada aula de estatística, a mesma cena se repetia: o SPSS, com sua interface familiar e complexa, estampado nos monitores.

Apesar de reconhecer sua excelência enquanto ferramenta, eu nunca tive a chance de trabalhar com o SPSS em meu computador pessoal. O motivo? A falta da devida licença. Este software estatístico, que desempenha um papel central em muitos programas de estudo, não é facilmente acessível para todos os estudantes, o que pode dificultar a aprendizagem fora do ambiente da sala de aula.

Pensando nisso, sempre me perguntei por que as instituições de ensino não optam por alternativas gratuitas e de código aberto, como o Jamovi. Este é um software estatístico de fácil uso e que, apesar de não ser tão conhecido, é tão poderoso quanto o SPSS. Além disso, ele está disponível para todos, sem qualquer custo.

Entendo que a mudança de um software estatístico estabelecido para uma alternativa nova pode gerar alguma resistência. Afinal, o SPSS é um programa consolidado, com décadas de presença nas universidades, e muitos professores e alunos estão confortáveis com sua interface e funcionalidades. Porém, é importante considerar que a estatística é uma disciplina fundamental em muitos cursos, e o acesso às ferramentas necessárias para o aprendizado dessa matéria deveria ser um direito de todos os alunos.

Com o Jamovi, os alunos podem continuar a aprender e a praticar estatística fora da sala de aula, o que reforça a aprendizagem. A questão financeira, que muitas vezes é uma barreira, deixa de existir. E, a longo prazo, o uso de software estatístico de código aberto pode incentivar uma cultura de transparência e colaboração, pois permite que usuários contribuam para o desenvolvimento do programa.

Então, eu me pergunto: não está na hora das universidades reconsiderarem a sua escolha de software estatístico? Não é o momento de olharmos além das opções tradicionais e adotarmos ferramentas que sejam realmente acessíveis para todos? Eu acredito que sim. E espero que, no futuro, mais e mais instituições de ensino venham a compartilhar dessa opinião.

Ao longo da minha jornada acadêmica, a cada laboratório que adentrei, a cada pesquisa em que participei, sempre me deparei com a mesma cena: a presença massiva do software estatístico SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) nas disciplinas e projetos de graduação e pós-graduação, tanto no Brasil quanto no exterior.

O SPSS, de fato, tem vários pontos positivos. É uma ferramenta tradicional e bem estabelecida, tendo sido criada em 1968, e acumula mais de meio século de refinamentos e aprimoramentos. Ele possui uma extensa gama de recursos, sendo capaz de realizar desde as mais simples até as mais complexas análises estatísticas. Além disso, sua interface gráfica é intuitiva, tornando as análises estatísticas mais acessíveis para os usuários que não estão familiarizados com linguagens de programação. A vasta comunidade de usuários do SPSS também significa que há ampla assistência disponível, seja através de canais oficiais de suporte ou de fóruns online.

Entretanto, na minha opinião, a principal razão para o uso tão difundido do SPSS não está nos seus méritos técnicos, mas sim em um fator humano: os professores. Acredito que, em grande medida, a predominância do SPSS é resultado da resistência dos docentes à adoção de novas tecnologias.

Em muitos casos, os professores passaram anos, às vezes décadas, aprendendo e aprimorando suas habilidades no SPSS. Quando se tornam proficientes em uma determinada ferramenta, muitos deles, naturalmente, resistem à ideia de ter que aprender a utilizar um novo software estatístico. Esta tendência se torna ainda mais acentuada à medida que avançam em suas carreiras acadêmicas e se tornam cada vez mais ocupados com responsabilidades de ensino, pesquisa e administração.

Esta situação é particularmente evidente em cursos da área de ciências médicas, como enfermagem, odontologia e também na área de ciências sociais. Muitas vezes, os professores dessas disciplinas não são “nativos digitais” e podem ter dificuldades para se adaptar a novas tecnologias. Por esse motivo, eles tendem a continuar usando o SPSS, um software estatístico que já conhecem e dominam, em vez de passar pelo processo de aprender a usar um novo programa.

Esta situação tem consequências significativas. Os alunos dessas disciplinas são, na maioria das vezes, introduzidos à estatística através do SPSS. Como resultado, eles também se tornam proficientes nessa ferramenta e têm mais probabilidade de continuar a usá-la em suas carreiras profissionais.

Acredito que, para romper esse ciclo, é importante que os professores se abram para a possibilidade de aprender e ensinar novas tecnologias. Isso não apenas proporcionaria aos alunos a oportunidade de aprender a usar diferente software estatístico, mas também poderia fomentar uma cultura de aprendizagem contínua e adaptação à mudança, que é essencial no mundo atual, onde a tecnologia está sempre evoluindo.

A Resistência à Mudança: O Papel dos Professores na Predominância do SPSS

O domínio do SPSS nos cursos universitários, em particular naqueles com menor inclinação ao uso de tecnologias de computação, representa um fenômeno curioso e, de certa forma, paradoxal. Estamos falando de disciplinas em que os alunos, por necessidade prática, precisam adquirir conhecimentos básicos de estatística para realizar, por exemplo, ensaios clínicos. Entretanto, é notável uma certa resistência à mudança quando se trata da ferramenta utilizada para esse fim.

Muitos professores das ciências humanas, inclusive, costumam se apresentar como agentes disruptivos, defensores de inovações e novas metodologias de ensino. Contudo, ao adotar o SPSS, parecem seguir precisamente o caminho oposto: perpetuam as mesmas práticas e as mesmas ferramentas que foram ensinadas a eles.

O professor que aprendeu estatística com o SPSS tende a ensinar utilizando também o SPSS. Não que haja algo intrinsecamente errado em usar este software estatístico; o ponto que gostaria de destacar aqui, no entanto, é duplo: a contradição entre a retórica da inovação e a prática conservadora, e a escolha por um software estatístico proprietário para uso educacional.

Este último ponto, particularmente, me causa desconforto. Parece-me que há uma certa falta de empatia ao se ensinar uma ferramenta paga, fazendo do aluno um refém, condicionado à compra de licenças para seguir adquirindo e aprimorando conhecimentos na área.

Ao terminar seus cursos, esses estudantes se veem dependentes de um software estatístico pago, cujo acesso, agora fora do ambiente acadêmico, pode ser inviável financeiramente. A longo prazo, essa dependência pode limitar suas possibilidades de atuação e desenvolvimento profissional.

Isso me faz pensar na situação similar vivenciada por muitos de nós com o sistema operacional Windows. A maioria de nós foi introduzida a este sistema ainda na infância ou adolescência, e ao longo do tempo fomos nos tornando cada vez mais dependentes dele. Hoje, somos compelidos a comprar licenças e assinaturas cada vez mais caras para poder continuar usando um sistema que se tornou, de certa forma, parte de nossas vidas.

Da mesma forma, ao formarem estudantes condicionados ao uso do SPSS, as instituições de ensino contribuem para a criação de profissionais que serão, em sua vida profissional, dependentes de um software estatístico pago.

Considero que é fundamental repensar a adoção massiva de software estatístico proprietários em nossa prática educativa. Precisamos questionar se estamos realmente oferecendo as melhores ferramentas para nossos estudantes, ou se estamos, inadvertidamente, limitando suas possibilidades futuras. Mais do que isso, é preciso considerar a inclusão e acessibilidade ao se escolher as ferramentas que serão usadas em sala de aula, garantindo que todos os estudantes tenham condições de continuar aprendendo e se desenvolvendo, independentemente de sua situação financeira.

A Preferência pelo Conhecido: Por que Professores Preferem o SPSS

Como um usuário de longa data do SPSS, entendo muito bem o valor desta ferramenta como um poderoso recurso para a análise estatística. Sua robustez e abrangência de recursos a tornam uma ferramenta altamente competente para diversos fins. Eu mesmo usei o SPSS por anos, gravando cursos, produzindo material de estudo, e orientando alunos em sua utilização.

Contudo, ao refletir sobre a permanência do SPSS como a opção de software estatístico preferida no âmbito acadêmico, chego à conclusão de que esse cenário está intimamente ligado à resistência dos professores à aprendizagem de novas tecnologias.

Se estivéssemos falando das décadas de 1990 ou 2000, quando o SPSS possuía um domínio quase incontestado no campo da análise estatística, eu poderia compreender a preferência quase automática por esta ferramenta. Porém, vivemos em um tempo diferente. Com o surgimento de alternativas gratuitas, como o PSPP e o Jamovi, não estamos mais à mercê do SPSS.

Neste contexto, o questionamento se faz necessário: por que utilizar um software estatístico pago se existem alternativas gratuitas? Paradoxalmente, muitos professores costumam apontar a preguiça como um problema entre os estudantes. No entanto, há que se considerar uma certa preguiça por parte desses educadores em não se esforçarem para aprender e incorporar novas ferramentas em sua prática docente.

Não se trata de uma questão de certo ou errado. Cada um é livre para escolher e adotar a ferramenta que melhor se adeque às suas necessidades e preferências. Entretanto, acredito que é imprescindível uma reflexão nesse sentido. Se existem alternativas gratuitas e eficientes, por que insistir em algo pago?

Precisamos lembrar que os estudantes, em grande parte, são pessoas com baixo poder aquisitivo. Muitos dependem de bolsas de estudo pequenas, que raramente são reajustadas, e enfrentam condições de trabalho extremamente precárias. Para essas pessoas, o acesso a um software estatístico gratuito é não apenas benéfico, mas fundamental.

Neste sentido, o uso de um software estatístico gratuito poderia não apenas aliviar a carga financeira sobre os estudantes, mas também estimular a democratização do conhecimento. Mais pessoas teriam a oportunidade de aprender e aplicar estatísticas, independentemente de sua situação econômica. Isso também poderia incentivar a diversidade no campo da pesquisa, permitindo que mais vozes sejam ouvidas e mais perspectivas sejam consideradas.

Portanto, embora entenda as razões que levam os professores a preferirem o SPSS, penso que é hora de uma mudança de atitude. Os educadores precisam estar dispostos a explorar e adotar novas tecnologias. Fazendo isso, eles não só se beneficiarão pessoalmente, mas também farão uma contribuição significativa para o futuro de seus alunos e para a democratização do conhecimento estatístico.

O Impacto da Escolha do Software na Formação do Estudante

A escolha do software estatístico utilizado em um curso tem um impacto significativo na formação do estudante. Essa decisão determina não apenas a forma como o aluno interage com os dados, mas também a maneira como ele pensa sobre a análise estatística e como a utiliza em suas pesquisas.

Ao ensinar um software estatístico proprietário, como o SPSS, os professores podem estar inadvertidamente limitando o potencial dos estudantes. Aqueles que não podem pagar pela licença após se formarem podem se sentir prejudicados em sua capacidade de aplicar as habilidades que aprenderam. Isso pode, por sua vez, limitar as oportunidades de emprego e avanço na carreira desses indivíduos.

Além disso, ao depender de um software estatístico proprietário, o estudante pode perder a chance de explorar uma ampla gama de ferramentas e técnicas disponíveis em softwares de código aberto. Com o rápido avanço da tecnologia e da análise de dados, é importante que os alunos sejam incentivados a experimentar e se adaptar a novas ferramentas.

A adoção de softwares gratuitos e de código aberto, como o Jamovi e o PSPP, pode proporcionar aos estudantes a liberdade de continuar a usar as ferramentas aprendidas na universidade, sem se preocupar com custos de licença. Isso não só abre caminho para a continuidade do aprendizado após a graduação, mas também permite que eles explorem novas técnicas e métodos de análise de dados sem restrições financeiras.

Repensando as Ferramentas de Ensino: É Hora de Explorar Alternativas ao SPSS?

Por muito tempo, o SPSS foi o padrão de ouro para o ensino e aplicação de estatística nas universidades. Entretanto, à medida que o mundo avança, é essencial que também avancemos em nossas práticas de ensino. Isso inclui a consideração de alternativas ao SPSS. Mas por que considerar essas alternativas e é realmente hora de fazê-lo?

Primeiramente, o custo é um fator importante. Como mencionado anteriormente, o SPSS é um software estatístico proprietário e, portanto, não é acessível para todos os estudantes após a conclusão de seus estudos. Isso pode limitar a capacidade dos alunos de aplicar as habilidades que adquiriram, restringindo seu desenvolvimento profissional. Softwares gratuitos como o Jamovi e o PSPP, por outro lado, são acessíveis a todos, independentemente da sua situação financeira.

Além disso, a adoção de um novo software estatístico pode proporcionar uma oportunidade valiosa para os estudantes aprenderem a se adaptar a novas ferramentas e tecnologias. Numa época em que a análise de dados está evoluindo a um ritmo acelerado, a capacidade de aprender e se adaptar rapidamente a novas ferramentas é uma habilidade crucial. Introduzir os alunos a diferentes software estatístico pode ajudar a desenvolver essa competência.

Em terceiro lugar, muitos desses softwares alternativos são de código aberto. Isso significa que são constantemente atualizados e aprimorados pela comunidade de usuários, o que pode resultar em softwares mais eficientes e recursos mais recentes. Além disso, por serem de código aberto, esses softwares permitem aos alunos explorar e compreender o funcionamento interno da aplicação, oferecendo uma experiência de aprendizagem mais profunda.

Finalmente, explorar alternativas ao SPSS pode levar a uma maior democratização do conhecimento estatístico. Com o acesso a software estatístico softwares gratuitos e de código aberto, um maior número de pessoas pode adquirir e aplicar habilidades estatísticas. Isso pode levar a uma diversidade maior e mais rica de pesquisa, uma vez que mais vozes e perspectivas podem ser incluídas.

Tudo isso não significa que o SPSS não tem mais valor; ao contrário, continua sendo uma ferramenta poderosa e versátil. Contudo, no contexto atual, é essencial considerar outras opções. Ao incorporar alternativas gratuitas e de código aberto no currículo, os educadores podem proporcionar aos alunos uma formação mais acessível, diversificada e adaptável.

Afinal, o objetivo da educação não é apenas transmitir conhecimento, mas também preparar os alunos para o futuro. Ao ensinar com uma variedade de ferramentas e destacar a importância da aprendizagem contínua e da adaptabilidade, estamos dando aos alunos as habilidades de que precisam para prosperar em um mundo em constante mudança.

Portanto, é hora de explorar alternativas ao SPSS? Acredito que sim. A mudança pode ser desafiadora, mas também traz consigo oportunidades para crescimento e inovação. Se abrirmos nossas mentes para essas oportunidades, poderemos não apenas melhorar a experiência de aprendizagem dos nossos alunos, mas também ajudar a moldar o futuro da educação estatística.

Desafios e Possibilidades para a Adoção de Novas Tecnologias no Ensino Superior

A adoção de novas tecnologias no ensino superior é um tema complexo, cheio de desafios e oportunidades. Trata-se de uma mudança que pode potencialmente revolucionar a forma como ensinamos e aprendemos, mas também traz consigo obstáculos significativos.

Um dos maiores desafios é a resistência à mudança. Como mencionado anteriormente, muitos professores estão acostumados a utilizar certos softwares, como o SPSS, e podem ser resistentes à ideia de aprender a usar uma nova ferramenta. Esta resistência pode ser devida a uma variedade de razões, desde o medo de sair da zona de conforto até a falta de tempo para aprender a nova tecnologia.

Outro desafio é o treinamento e suporte necessário para a implementação de novas tecnologias. A introdução de um novo software requer formação e apoio adequados, tanto para os professores como para os estudantes. Sem o suporte adequado, a transição para a nova tecnologia pode ser difícil e frustrante.

Apesar desses desafios, a adoção de novas tecnologias no ensino superior também traz muitas possibilidades excitantes. Por exemplo, a utilização de software estatístico gratuitos e de código aberto pode tornar o aprendizado mais acessível para todos os estudantes, independentemente de suas condições financeiras.

Ademais, a introdução de novas tecnologias pode oferecer aos estudantes a oportunidade de aprender habilidades valiosas. Aprender a utilizar diferentes software estatístico, por exemplo, pode melhorar a capacidade dos alunos de se adaptarem a novas ferramentas e tecnologias, uma habilidade crucial no mundo atual.

Além disso, a adoção de tecnologias de código aberto pode encorajar uma maior participação e colaboração na comunidade acadêmica. Como esses softwares são desenvolvidos e melhorados pela comunidade de usuários, os estudantes podem contribuir para o aprimoramento do software, adquirindo uma compreensão mais profunda do funcionamento interno do aplicativo.

Por fim, a adoção de novas tecnologias pode abrir caminho para novas metodologias de ensino e aprendizagem. A utilização de software estatístico interativos e baseados na web, por exemplo, pode permitir um aprendizado mais envolvente e hands-on, aumentando a motivação e o envolvimento dos alunos.

O Futuro do Ensino de Estatística: Abrindo Espaço para Novas Ferramentas

O mundo está em constante mudança e a educação não é exceção a isso. Ao longo desta reflexão, discutimos o papel tradicional que o software estatístico SPSS desempenha no ensino de estatística e as razões pelas quais esta abordagem pode precisar ser reconsiderada. À medida que novos software estatístico emergem, como o Jamovi, é essencial que os educadores se mantenham atualizados e considerem a incorporação dessas novas ferramentas em suas práticas de ensino.

No entanto, para fazer isso, é preciso superar a resistência à mudança. Nós identificamos a resistência dos professores em aprender novas tecnologias como um obstáculo significativo. Essa resistência pode ser resultado de várias razões, desde a familiaridade e conforto com as ferramentas existentes até a falta de tempo ou recursos para aprender algo novo. No entanto, essa resistência é algo que deve ser enfrentado se quisermos preparar nossos alunos para o mundo em constante evolução da análise de dados.

Os novos professores que estão entrando no campo têm uma oportunidade única de liderar essa mudança. Como não estão tão firmemente enraizados em práticas de ensino tradicionais, eles podem estar mais dispostos a explorar novas ferramentas e abordagens. A geração emergente de educadores pode, portanto, desempenhar um papel crucial na mudança da cultura educacional e na abertura do caminho para o uso de software estatístico gratuitos e de código aberto.

Além disso, é crucial lembrar que a adoção de novas tecnologias de ensino não implica necessariamente na necessidade de ensinar programação aos alunos. O Jamovi, como o SPSS, possui uma interface gráfica amigável que não exige que os usuários tenham habilidades de programação. Isso significa que os alunos podem se beneficiar das vantagens do software estatístico gratuito e de código aberto, sem a necessidade de aprender a programar.

Ao final deste debate, a questão central que surge é: por que continuar ensinando SPSS nas faculdades quando existem alternativas viáveis e gratuitas disponíveis? A resposta, acredito, está na necessidade de evolução e adaptação. Não se trata de desacreditar o valor ou a eficácia do SPSS, mas sim de reconhecer que o mundo está mudando e, com ele, as ferramentas que usamos para ensinar e aprender.

Como professores, temos a responsabilidade de preparar nossos alunos para o futuro. Isso significa estar dispostos a explorar e adotar novas tecnologias, a fim de fornecer a nossos alunos as habilidades e o conhecimento de que precisarão em suas carreiras. Não podemos permitir que o conforto com o conhecido nos impeça de buscar melhorias e inovações em nossas práticas de ensino.

Em suma, acredito que é hora de abrir espaço para novas ferramentas no ensino de estatística. O futuro do ensino superior pode muito bem estar nas mãos daqueles que estão dispostos a aceitar a mudança e abraçar o novo. Com a coragem de experimentar, a vontade de aprender e a visão de um futuro mais acessível e inovador, podemos ajudar a moldar um futuro melhor para nossos alunos e para a educação como um todo.

Escrito por Erick Faria
Engenheiro de Dados com Ph.D. em Geografia e experiência em análise espacial e geoprocessamento. Expertise em processamento de grandes volumes de dados geoespaciais, imagens de satélite e dados de mercado, utilizando ferramentas como Spark, Databricks e Google Earth Engine. Experiência em projetos de mercado de carbono, modelos preditivos para investimentos agrícolas e liderança de projetos de dados em saúde pública. Habilidades em Python, R, SQL e diversas ferramentas de engenharia de dados. Profile